terça-feira, 29 de julho de 2008

Oh!

Os portais que se abrem são os mesmos que se fecham a cada nova investida.
As dores que deveriam ser absorvidas enchem-nos de dor.
Os odores que exalamos atraem, mas repelimos quem chega.
Quem fala permanece calado nas vulgaridades do discurso.
O silêncio que se escuta é sinal da gritaria surda que nos envolve.
As opiniões que emitimos não se ouvem, perdendo-se no eco das escadarias.
A segurança que proporcionamos esvanece-se na certeza das convicções.
A força bate-se com a fraqueza que se lhe aparece a cada esforço.
A fraqueza fortalece-se na fraqueza de tal força desmedida.
A besta embala a bela que esmorece ante tal brutidão.
A brutidão torna-se cândida nas mãos de quem o é.
Os Homens dominam a besta que há em si para serem dominados por ela.
Haja franqueza onde se vislumbra o cinismo.
Haja cinismo na lide dos cínicos.
Hajam clínicos, hajam mímicos, hajam enfim outros que não satíricos.
Hajamos nós, hajam eles, ajamos nós.
Corramos todos parados em círculo para o centro.
Fujamos do centro para a periferia do mesmo que nos absorve.
Olhemos a luz que nos cega na escuridão da certeza.
Prometamos o Céu e entreguemos a Terra.
Entreguemos a Terra a quem quer o Céu.
Subamos a deuses pois eles são-no na Terra.
Fujamos para lutar, lutemos para fugir.
Para onde poderemos ir?...

1 comentário:

Anónimo disse...

Fugir!? Não. Não devemos fugir. Não há lugar para onde possamos ir quando se quer fugir. Apenas se vira as costas, porque a realidade está ali, não se dissipa. Fugir é apenas adiar o inadiável.