sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O vôo da Fénix

Era uma vez um homem que queria ser super-homem

Mas de cada vez que voava caia

E nunca aprendia que quem voa tem de aterrar

No chão duro da vida.

A cada aterragem uma nova viagem

A cada ressalto um grito de revolta

A cada nuvem que passa uma estalada

De água gelada que dilacera e corta.

Hoje aterrou depois de ser cortado na face

Pela nuvem de fiapos que observara

Ao longe parecia inócua mas ao perto selvagem

Demasiado espessa para ser perpassada a voar

E momentaneamente cegou.

Após esse momento de dor olhou para cima

Tantas nuvens passam calmamente e reconheceu-as

Dos seus voos intermináveis que efectua

E sentiu vontade de voar, voar e sentir outra vez

A brisa na face, o vento nas penas, o fulgor no peito e foi.

Foi e viu, viu e tocou, tocou e sentiu

Está vivo afinal de contas, existe e sente-se existir

Voar custa mas nada se obtém sem custo

E decidiu que tinha que continuar a voar

Mesmo se isso signifique voar em solitário.

sábado, 13 de agosto de 2011

Sombra

Era uma vez quem quiserdes que seja

Dois e ambos corriam isolados

Cada um nos seus percursos pessoais e imaculados.

Um dia, quis a nuvem descer do céu

E parar as estradas no nevoeiro.

Na espera que se seguiu

Seguiram a mesma estrada

No entanto continuada e isolada.

Um sonhava e outro vivia

Um aspirava e outro sorria

Um suspirava e o outro aproveitava

Um esmorecia e o outro arrebitava.

Por quem sois

Alma que viajas

Por quem sois e deixas na saudade

Senhora de águas agitadas?...

Espaços

Durmo o pensamento
Mas mesmo assim ele está acordado
Acordo lá dentro e digo-lhe
"Acalma-te ou cais para o lado!"

Olha-me de lado
Senta-se e continua mudo
Afasto-me e sinto
Está a bater lá no fundo.

Saí de lá
Das impressões dele vejo que está dorido
Encobre as emoções de modo a passar despercebido

Abre a luz nos olhos
Para que não se veja a escuridão
E não saibam o quanto sofre

Rebate a tudo
Na esperança que lhe digam
As palavras que repetidamente diz a si próprio

Fecho os olhos de novo
Entro em mim e dou-lhe a mão
É meu irmão gémeo e devo-lhe
A lealdade na sua confusão.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Porquê amar?

Porquê amar se depois se sofre?
Porquê amar se depois se perde esse amor?
Porquê amar se depois temos de nos afastar?
Porquê amar se depois temos de nos habituar?
Porquê amar de facto!

domingo, 8 de agosto de 2010

Dança

Uma capa

Uma máscara

Uma aliança

Uma farsa

Uma cor

Uma flor

Uma distância

Uma intermitência.

Um chapéu

Um arremedo

Um soltar

Um actuar

Um vazio

Um buraco

Um passo

Um continuum.

São as contradições da vida

E as sensações que mordem

Que ateiam a fogueira

Que era uma vela faroleira.

sábado, 10 de abril de 2010

Uma lua nova

Um rebento
Um dia sonhado
Aquele tão grande alento
Suavemente suspirado
Nos tapetes amansados
Docemente sussurrados.

Sonhou ser seu
Mesmo se o não possa ser
Uma Salomé enviada
Na forma de um falo criado
Aspira-se a ouvir
A sorte do pouco fado.

Está triste o guerreiro
Nesta paz de ano alcançada
Tem pena o lutador
Sossobrar pela nova
Nas palavras ditas ao acaso
Pelos aldeãos quando passa:
"Lua Nova... Lua Nova..."

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A barca no espelho do lago

Há momentos inesquecíveis
Momentos de ternura inolvidáveis
Crescidos do nada envolvidos
Esperando que nos amparem.
Andamos em círculos
Nas ondas do lago provocadas
Pelos que nos acordam para a vida
Sentimos que não chegamos à margem.
O nevoeiro encobre a terra
Vemos os braços que esbracejam
Não vislumbramos a figura
Enganosamente dissimulada.
Esperamos que seja
Sonhamos alto essa verdade
Escamuteamos quem nos deseja
Porque desejamos e somos desejados.
Sê-lo-emos de facto
Ou a margem é uma miragem
Um truque da mente
Na esperança da viagem?
Olhamos mais uma vez
Vemos quem cuida do cais
Um porto seguro de facto
Mas ainda não que tais.
Lança-se a corda ao barqueiro
Amarra-se ao ancoradouro
O barco balouça inseguro
Mas o passadiço é duro.
Um passo a seguir ao outro
Um momento que é ainda louco
No equilíbrio do porto a aventura começa...
Começa a pouco e pouco.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O que é a Esperança?

O que é a esperança?
Porque existe sequer?
Porque nos faz sonhar, sofrer e cirandar perdidos?
Porque não somos simples e amamos
E quando já não somos amados... esquecemos?
Porque é que reflectimos sobre isto?
Porque temos esperança?
O que é a Esperança?...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

As flores da esperança

Do que sinto falta? As horas!
O que anseio? Os minutos!
O que desejo? Tu!
O que não tenho? Nós!

Fomos tão belos
No escuro do segredo embalados
Fugimos a galope
Parados pelos sinos.

Subimos montanhas
Encontrámos as estrelas
Nos toques divinos
Dos olhos tão belos.

Sentimos o amor
A arte e a devoção
No acre doce sabor do proibido
Negaste a consumição.

Hoje é igual a ontem
Sê-lo-á outra vez amanhã
Perdidas para sempre no monte
As flores daquele jardim…

O Jardim da Esperança encontrada e perdida!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Saudade e Dor

Espírito
Solitário
Temeroso
Esperançado
Luzídio e
Amado.

Perdida a
Ocasião
Real da

Querida
União
Empática
Mistificada

Aliada
Mortificada e
Onírica!

domingo, 14 de junho de 2009

O diabo mulher

Seres incompreendidos pelas mulheres
Esses perfeitos seres de contradição
Que mais não são que rodas quadradas
Que não sentem a trepidação
E dizem que vão suavemente rolando.

Tudo se lhes é perdoado
Sentido e explicado
Pelos descontrolos hormonais e emocionais
Pela condição de mãe
E de pura donzela aos olhos de quem
Não consegue ver mais além.

A mulher é capaz dos mesmos desígnios masculinos
Desejos e sentidos
Mas esconde-os mais facilmente na sua candura
Inexplicável da fraqueza física
Gritando no silêncio de palavras e gestos mudos
Por oposição aos gritos mais silenciosos
Da palavra proferida.

“Eu sou incapaz”
Vocifera
“Não sou como tu”
Gesticula
“Vais pagar caro”
Ameaça
Olhos húmidos dilacera.

A mulher é o pior dos bichos
E quando se unem em pares
Mesmo se inimigas de perto
Amigas se tornam pela batalha
Porque o homem para elas é esperto
Enquanto que elas são
Inteligentes e de espírito aberto.

A sociedade ainda não se apercebeu
E eu também não
Que as mulheres são sub - descendentes
Que só estão bem se tudo for como aspiram
Se tudo estiver onde desejam
Se se fizer o que desejam.

Um filme é mau porque não gostam
Partilhar imagens então é tolice
Assistir a espectáculos degradantes
Na visão de quem não gosta
Já é ser mau e vil porco insensível.

A melhor coisa que se deve fazer
É partilhar os espaços consigo mesmo
Não permitir que nos condicionem
E apertem a existência.

Não vos quero mais
Não desejo mais
A vós hei-de prover
Do sofrimento total.

Esse é o meu alcance hoje…
Amanhã logo se verá!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

À minha mãe

À minha Mãe
Aquela que me dá tudo
Que vai à montanha mais alta
E ao mais fundo dos Oceanos…

À minha Mãe
Que luta contra o frio do Inverno
Que enfrenta o calor do Verão
E não permite que nada me falte…

À minha Mãe
Por perto sempre que preciso
Que chora quando sorrio
E que sorri quando choro…

À minha Mãe
A mais forte do mundo
Que me levanta sempre e dá carinho
Depois de cair…

À minha Mãe
Cozinheira fantástica
De sopas, carnes e peixes
Que me tiram a fome…

À minha Mãe
De voz calma e serena
Que me adormece
Quando não tenho sono…

À minha Mãe
Que está sempre ao meu lado
Quando pode
E quando não pode…

Quero só dizer…

Adoro-te Mãe!
Amo-te Mãe!
Nunca deixes de estar aí
Porque sem ti não sou ninguém!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Seagulls hover over me!

I stare at the sky as it clears
Moments of an extraordinary calm invades
As I become unaware of myself

I distant from me and from here to nowhere
That cold sweet warm breeze just eases me
And my inner terror dreams
Of being together alone with me

I sat down in a cloud
Taste it’s softness like baby skin
That cozy tenderness of touching…
But where to touch but in a dream?

No matter now
The dices are rolling
As I stand here comfortably nesting and lightly asleep
Hair over wind and face

Linger and links all over
Images and pictures everywhere
Every face every smile a window
Every whistle a call of duty

Where’s my duty?
Where’s my beauty?
Why it became so naughty?
Now I’m nothing but broken pottery!

The gathering
That missing piece in the chain of Universe
Lost in a turn of time…
My mistake your loss

Why did You allow it be?
Am I not your warrior?
Or is it just because of it?
No love, full commitment…

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Uvas do Norte

Sinto o calor de uma estrela que brilha
Vejo a névoa que perspassa meus olhos
Encontro a luz daquele negro semblante
Que um dia soube abraçar a sorte.

Momento de transcendente existência
Cumplicidade nunca efémera entre iguais
Sensações que se desejam partilhar
Com amiúde emoção alheia vividas e alcançadas.

Alguém habita os sonhos
É o telhado e os alicerces sem saber sabendo
Numa verdade sempre repetida sonoramente
Criada está a ponte entre o etéreo eterno cosmos dialéctico.

Sabe-se sabendo
Sente-se sentindo
Diz-se calando mudo
Silencia-se nos silêncios não ditos entre sons.

A parra dá uva de novo
Vinhateiro de poda corta o cacho
Noutro lugar noutra direcção
No mesmo sentido somos...

Quem é a videira?
Será certo ou será míldio que aflora?
Virá o sulfato a tempo
Da poda do vinhateiro?

Terras ricas do Norte
De escarpas trabalhadas na dura corrida
A difícil subida à plataforma rural
Será impossível arear terreno este fértil?

Da simbiose dos organismos
Das tormentas que se sofrem pelo temporal
Da bonança que a solarenga trará
Nascerá uma nova semente?

O agricultor semeia devagar
Espera o tempo a paciência
Quando a flor brotar
Dará fruto e fragância?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

JO

Num momento de díspar encontro
Numa furtuita mansão do tempo
Energias fluem e sobem
Ao eterno espaço da ilusão.
Come-se as estrelas
Aconchegamo-nos nos braços das galáxias
Bebemos dos cometas que passam
Sentimos que somos errantes
Na fuga da felicidade que escapa
Por cada um que se cruza no espaço.
Ambos os sóis que nos iluminam
Um em crecendo outro extinto
Um que já não brilha
outro que por vezes perde fulgor
Mais não são que prendas
que os cometas condenados estão
Ao vaguear sós a cada volta do tempo
A cada volta da volta da nossa cabeça.
Merece o Universo que assomemos vida
Que nos permitamos viver
Que nos desviemos dos caminhos dos outros
Já que de cada vez que esgueiramos
Morremos mais um pouco?
Sim, devemos!
Devemos porque mesmo frios vivemos
Devemos porque mesmo presos merecemos
Devemos porque são os outros que nos merecem
E não nós os merecedores!
No altruísmo do cometa jaz a mão de luz
Aquela luz que se a não dermos ninguém tem
E que é o nosso fado
Iluminar os outros.
Continua a distribuir luz
Não te apagues nem deixes apagar
Mesmo que te soprem ventanias e temporais
Abre o peito ao vento, protege a flama nos olhos
E sê tu, livre, bela, selvagem
Aquele selvagem puro escondido na candura da indiferença
Aos olhares do mundo.
Vive cada momento como se fosse o último
Expira os "ais" da vida a cada recontro
Perde o fôlego a cada preenchimento
Penetra a força com renovada energia
Quando parece que se esvai após atingir o ponto.
Para um JO de um AN
O dois vindo do um
O ímpar que torna par
Eu e tu, dois que não é nenhum
E todos para mais algum!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Passadas cavalgadas

Cavaleiro das doces cavalgadas
Em leitos suaves de curvas uniformes talhados
Percorres de encontro ao sol poente
As areias finas dos seus cabelos raiados
Em luzes claras reflectidas de saudade que aperta
O coração do destemido que um dia ousou…

Ousadia pagada caro
Pelo destino coração cravado de espinhos
Daquela rosa cheirosa de caule traiçoeiro
Que um dia nasceu selvagem de um nascimento prematuro
Onde a terra impura se tornou pura à sua visão
Ao orvalho da manhã resplandecente
Que arrepiava os grilos e as cigarras
A cada toque de sua fria e gélida geada derretida.

O gafanhoto saltava despreocupado
Searas para colheita em todo o lado
Tanta escolha, tanto sal
Tanto mel, tanto mal
Mas mesmo assim saltava de olhos fechados
Porque o mundo era seu para a tomada
Para a conquista do conquistador improvável.

O rei na torre do seu castelo observava
Das ameias envelhecidas e enegrecidas
Aquela paisagem outrora bela
Agora desfeita pela idade e pela solidão
Dos montes que choram o sol que se põe
Nesta tarde de Verão que embora Inverno
Jamais passará do calor estival
Porque o sentido do sentido
Daquele alvo e cando momento
Perene na imaginação do tido
Será para sempre a porta da sua prisão.

O rei está fechado no seu castelo
Jamais de lá sairá
Porque a Natureza já não é sua…

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A prisão dos sentimentos

A doce e misteriosa criatura que um dia percorreu caminhos travessos
Numa muralha de impostura onde se empareda e se esconde
Leva a que se refugie em si mesma e não se reconheça
Dando a si própria a falsa sensação de controlo sobre o que a rodeia
Que no fundo é nada a não ser pedra fria e impessoal.

Mas para cada muralha que isola de si isola os outros
Fechando-se ao exterior mas fechando o exterior
Tornando sós as almas errantes na Natureza selvagem
Ansiando por alimento que existe só e apenas
Do outro lado do lado fechado.

Errantes vão descendo ao Inferno de Dante
À vil existência pueril da birra e teimosia
De querer o brinquedo só para si mesmo que já o não queira
Só porque já foi seu e não se partilha
Nem tam pouco já se consegue nutrir desejo.

Mas a mente humana é pobre
A doce juvenilidade da possessão que esconde os olhos
Que leva ao doce isolamento do romantismo bacoco
De ver o mundo a duas dimensões unívocas
É uma loucura que obriga a ser partilhada por quem o não deseja.

Corre-se por sobre a muralha que não acaba mais
Subidas e degraus infindáveis de sofridão e suor de língua acalentado
Tropeços e levantos intermináveis de escoriações mentais
Para que miserável alma muralhada escondida
Que a todos corre em corropio mundano de existência localizada.

O romantismo morreu no dia em que nasceu
Ele em si não existe, é uma miragem, um mito
Algo que não existe mas que precisou de ser nomeado para dar nome
Às muralhas erigidas e levantadas por maus capitães
Que levaram as suas naus e homens ao fundo.

Na superior existência somos todos livres de maus capitães
Um sítio onde se salta por cima desse posto de energúmenos
Que não reconhecem a justiça dos seus marinheiros
Mesmo que estes sejam seus superiores em comando
Preferindo a rebelião levada ao motim do coração!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Viagens pelo mundo dos vivos e da morte

Nas viagens pelo mundo, deu de caras com um anjo.
Olhou-o, cheirou-o, visualizou-o, e viajou de novo…
Não era tempo do tempo se encontrar antes de tempo.
Foi flutuando…
Foi-se mostrando…
Foi enfeitiçando enquanto se enfeitiçava…
Bebeu a própria poção que preparou e enfeitiçado ficou…
O feitiço da lua noite branca
Deixou que a alma se sentasse à espera
Do momento que estava para vir…
Criou-o com as suas mãos
Cavou fundo nas costas da areia rochosa
Com unhas em sangue lavadas olhadas
O horizonte ora desperto ora morto
Enquanto esperava pela brisa que estava para vir…
E não vinha!
Sentado no pedrão negro
Via as silhuetas ao longe chamando
Escudado nos vidros escuros permaneceu imóvel
Fazendo de conta, pretendendo ser outro
Ser aquele que de facto não é e nunca será
Aquele que é forte na fraqueza dos outros.

Duas gaivotas, então, se encontraram
E partilharam carícias animais
Pactuando em pacto aparte
O que de facto era junto
Até que seus bicos agarraram o mesmo peixe
Consumando a alimentação desejada…
Mas a força da fêmea é pouca
Largou a sardinha…
Queria salmão a pobrezinha!...
E deixou-se roubar a criaturinha!...
Ou não?!...

Outro dia, outro desencontro
Outra viagem, outra amaragem
Outros sons, outros confortos
Até ao máximo alado da noite ofuscado
Após o manjar repastado tardiamente esbanjado
Para 30 dias de solidão da noite invernia
Em tempo de estio.
A volta da maré pouco trouxe de diferente
Um pouco até de menos
A distante sereia que chamava
Rugia não cantava
Abanava não aliciava
Criava tensão não acalmava…
Mas o vermelho diabo assustado
Bem tentava aquecer o inferno da fornalha.
Oportunidades criadas
Momentos desperdiçados
Propícios desejos desejados e encontrados
Mas descartados pelas presenças das sombras.
Sombrios pensamentos de certezas
Certo que é certo do que certo é
A luxúria da bidimensionalidade escondida
Nos aconchegos frágeis e ténues
Procurados escondidos mas vistos pelo gato
Que não consegue esconder o rabo…
Ou intencionais para afastar ou achegar…
O triângulo adensa-se…

Muito amor condensado
Entre dois iguais amansados
Em mentiras brancas escudados
Não se abrem as portas da abertura
Consolidando a necessidade da mentira
Para sempre e todo o sempre.

Deve ter sido um mar de prazer
Uma consumição danada
Pelo chão de rojo arranjada
Uma consumação atada
De domínio avassalador
De mulher em mulher
Macho fêmea no mesmo
Por onde anda a partilha da dialéctica humana?

Foi-se… partiu… só… desejo…
Clama… chama… aspira…
Nega… suspira… solta… amaina…
Até que… um alto escuro momento
Uma nuvem se abre e o raio de sol aparece
A gaivota levanta o bico
Canta no seu piar sem jeito e voa
Voa de encontro ao sol que a queima
Mas o calor é bom, belo, sedutor
Vale a pena morrer neste sol…

E morreu!
No dia 2, após o dia um que o foi de facto
Real e met(af)eórico
Uma viagem num mundo de bis
Esqueceu-se que o sol queima a quem aqueceu
E a gaivota caiu
Caiu do alto mas não morreu!
Desmembrou, hemorrajou
Inertou meses vendo aquele sol que a mantinha viva
A alimentava enquanto se definha
Até que a morte a levou para cima
E viu que outras gaivotas voavam naquele voo astral…
Tantas gaivotas
Uma e outra… e mais outra ainda!
Asas tocavam em si
Grasnando por ela
Assumindo-a subir mais
A juntar-se ao nós formado pelo todo
Daqueles que foram já um com o seu par
E o perderam porque foram matados
Ensanguentados
Partidos
Abandonados
E que no fim foram encontrados.

Bendita a morte desta gaivota que a trouxe de volta à vida
Bendito o assassino que trouxe esta vida de volta
Bendita a submissão que dá em fartura de sentimento
Benditos aqueles que julgam superior vontade
Mas que no fim se encontram sempre no escuro
Miserável escuro que puxa para baixo
Por muito que procureis sereis sempre
Miseráveis e tristes
Aspirando pelo que não têm
Sonhando com o que gostavam de ter
Expiando pseudo-dores próprias
Negadas na existência solitária de uma miséria
Que se auto-comisera e se alimenta em si mesma.

Sede triste e só
Sede homem num corpo fútil
Sede mulher numa hábil luta
Enganai quem se deixa enganar
Porque a cada momento
A cada troca
Ganha quem ganha, perde quem dá
Porque não recebe, só cobra
E no fim
Nada se tem para dar em troca.

Pobre gaivota que mata
Porque mata-se a si mesma
Enquanto a que morre
Renasce das cinzas mais forte
E junto de outras gaivotas
Esplendorosas
Belas
Esbeltas
De novos bicos que esquecem os outros bicos!

Que lindo bico que foi!...
Um bicudo bicar de salto lançado
Aterrado no queixo próprio
Quase sendo alimentar manjado!
A hora fora longa
A fome demasiadamente adiada
Supreendeu-se a sim mesma
Com aquilo para que fora criada.

Agora a gaivota sabe que pode
Não importa o quê nem como
Simplesmente sabe que sim, que f…

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Crispação

Ontem perdi-me em ti
Hoje encontro-me aqui
Amanhã perder-me-ei em mim
Sonhando com o que encontrarei.

Foi pesadelo do qual acordei
Sonho infeliz de roupagens belas
Chorei de alegrias amadas
Pintei de palavras amargas telas
Onde no fundo me perdi.

O dia é negro
Qual tal minha alma
Nunca o deveria ter deixado de ser
Deixar inundar-me de calma.

Vivo no tormento
Abracei sempre as agitadas águas
Doce e ternurento complemento
Do doce sabor a fel das mágoas.

Nunca deveria ter sido
Presença que altera o espírito
Nuvem de pó ácido corrosivo
Alegria... aquele mito.

Hoje regresso às origens
Monto meu alazão negro branco
Cavalgarei de encontro ao destino
Onde me encontrarei descalço
Frente a frente com ele
Meu irmão gémeo de tacto
Que anseia pela minha rendição
E amaldiçoe aquele que É de facto.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Descoberta e consciência repentina

Mas quem te abanou os teus alicerces?

Um anjo
Um anjo negro
O lado negro do arcanjo que sou
Alguém que tocou as minhas asas e as molhou
Não me deixando voar por causa das penas molhadas...

Continua…

Humm!...
Mas o anjo negro voa na noite do pensamento
Escondido dizendo que procura a luz
Que anseia pela liberdade vespertina
E eu retorno ao breu existencial
Ao fundo de uma alma apaziguada pelos anos.


Num fugaz momento do tempo
Encontrámo-nos na passagem
E descobrimo-nos mas ambos em sentidos diferentes
O problema é que o vôo não diverge
Simplesmente parece que sim
E o que o molhou não foi água
Foi sal de lágrimas
Das suas lágrimas
Que tombam para trás pela força do movimento alado
De quem esvoaça em meu redor!


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sofro em recuo

Esmoreces em mim...
Matas um sentimento belo...
Saudade das horas negras da noite que aconchegavas...
Emudeço ante mim a noite da indiferença...
Foge-me o sorriso na substituição de um resignar dos lábios...
Já não corro, ando...
Já não ando, arrasto...
Já não arrasto, cambaleio...
Já não cambaleio, paro...
Estou parado, recuo...
Enquanto recuo, esqueço...
Esqueço o que já não é...
O que já não é já o foi enquanto passo por ele...
Aceno-lhe enquanto sorri...
Sorri porque não sabe que vai recuar...
Estendo a mão para que me sinta...
Não me sente nesta curta distância...
Sou fantasma de mim próprio...
Vejo-me etéreo enquanto o sol do verão dá lugar à sombra do inverno
Neste recuo temporal...
Até ao dia em que fui desconhecido...
A saliva esgota-se-me na garganta...
É tempo de dizer ao tempo que está no tempo de dizer adeus ao tempo...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Um oito torcido

Um mar de gente revolta
Encima um alazão parado
Cóleras expiram de suas narinas
Relinchos pelo bem amado
De entre aqueles que sofrem
As atrozes tiranias do Estado.

Marcham silenciando a dor
Por colinas que de tão largas
Estreitam ante a torrente
De lava humana que sobe
Pela chaminé do vulcão que lavra
As encostas de uma nação.

Reescrevem a história
Cunhando-a de pessoal
Fazem parte dum ponto final
Numa frase reticenciada
De ideias por acabar
Numa vida sentenciada.

Final amargo
Vitória almejada
Certeza encontrada e reiterada
Perdida na falsa palavra
Um breve relance de optimismo
Uma alegria momentânea
Uma adaga que crava
O coração de um sonhador.

Até onde perenerão os infiéis
Que afundam a nau Lusitana?
Até quando mantê-los cruéis
Que assassinam a puritana
Educação Flausiana?

sábado, 1 de novembro de 2008

Crónica de um último suspiro

Tenho de acordar
A burocracia clama
O soldado de papel
Perdeu a sua alma
Nas chamas da tinta
Acabou-se a sua chama.

Olhos cavados
Ausentes de vida
Passos que foram sagrados
Agora comem-no vivo
Pelos trilhos andados
Sombras a pedido.

"Sim Senhor"
Grita a voz mortiça
"É para já"
Diz em surdina
"Porque não?..."
Silencia a sina.

"Aqui estão"
Anuncia a solidão
"O que não consigo fazer"
Assume com resignação
"Mas tem de ser"
Confirma a direcção.

Abandona(-se) e cai
Ombros ao lado
Afunda-se na cadeira
Está desolado
Não consegue
Está isolado.

A esperança é a última fronteira
Onde todos pretendem ir
Mas todos esperam a intrepidez
De quem ousa fugir
Da marasma estupidez
Para colher os ventos do devir.

"Faz assim"
Anunciação divina
"Não te preocupes"
Mantém a sua sisma
"Alinha que é tudo manso"
Eleva a submissão
"Mantém-te tanso"
Aconselha a vizinha.

E os cães vão ladrando
Enquanto a caravana passa
É o cheiro putrefacto
De quem já morreu
Mas pensa que está vivo de facto.

domingo, 26 de outubro de 2008

Sonho ou acordar de um pesadelo

Sonhei que sonhava
Acordei do sonho que sonhava
Para adormecer acordado
E ver que dormia sonhando acordado.

Negro o sol que envolve
Na argúcia da dicotomia angélica
Ombro com ombro degladiando pela minha alma
Que se afoga e esvai no sofrer que está para vir.
É melhor responde o sonho
Que assim o futuro se mantenha
Não sofras pelo que não tens
Nem sonhes com o que te alcança.

Flutuo de encontro a mim
Àquela voz que me chama
Aquela que diz
Não entregues a tua chama
Porque de usado basta humilhado
O fruto do que queriam jaz na sua cama.

Vozes distantes ecoam
Homos no feminino surdinam a alma
Pares díspares na desilusão
Pela segurança anseiam da partilha
Por serem Homos a ilusão
De que assim a felicidade alcançarão.

Já vi quem sois
Já observei tantos que são dois
Desperdícios humanos da vida
Parelhas de Vacas não de Bois
Insanidade plural da sede em séde
No receio do anseio que se nega
Ou terá sido um engano atroz?

Estou em paz no meu ódio pacífico
Estou em guerra no meu amor perdido
Estou soldado fundido
Neste poço fundo incompreendido
De não se saber sabendo
Que se pensa que se sabe
Mas no fundo se duvida!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Escura a noite!

O mundo está escuro
Cobre o espaço
Almas escuras
Dentro deste pedaço

Andamos à deriva
Sem poder olhar
Chocamos na rua
Queremos sonhar

Mas o sonho é breve
Choca ali
A parede é tua
Não m’encontro a mim

Abriste a porta
Deixaste-me entrar
Arrombei a sorte
Estou a chorar

Perdidas em mim
Lágrimas caem
Não se soltam
Não seguem viagem

Sonho acordado
Com o que não tenho
Persigo o fado
Que ainda mantenho

Quero crescer
Ser o que não sou
Encontrar-me belo
Encontrar onde estou

A bruma adensa
O nevoeiro brilha
Na noite escura
Finalmente se avizinha

Mas o sonho é breve
Choca ali
A parede é tua
Não m’encontro a mim

Preciso continuar a procurar… (termina)

Imprison

Imprison in my (own) prison
I look at the sky
And all I can see
Is the clouded eyes

The stars are no more
The light of time
Things were lost
Never get behind

Even if you turn
Back to the place
Nothing is the same
You left once in time

Imprison in my (own) prison
I look at the sky
And all I can see
Is the clouded eyes

Friends are forever
Stories lived not to be told
Secrets of the gathering
Is not to be unfold

Now everything is lost
Even if we can find
The gates to the track
Trails of the mind

Imprison in my (own) prison
I look at the sky
And all I can see
Is the clouded eyes

Goodbye

There comes a time
When all say goodbye
There comes a time
When lovers can’t disguise

Love is a battle field
No one will ever win
And all they ever get
Is pain… is pain… all is paiiiiiiinnnnnn!

The moments where so beautiful
Yet they were so doubtful
Now we look back
And find it was a lost time

Hands on hand
Lips in lips
Bonded together
Unable to fulfil
The dream could come true
But real comes in
Gods make it through
Nothing to believe in

Love is a battle field
No one will ever win
And all they ever get
Is pain… is pain… all is paiiiiiiinnnnnn!

Now everything is quiet
Soul is tamed
Body is appeased
Eyes don’t shut
‘cause they froze the image
Of the love lost

Thoughts of love
Thoughts of family
Thoughts of an unborn child
Thoughts of a light

Love is a battle field
No one will ever win
And all they ever get
Is pain… is pain… all is paiiiiiiinnnnnn!

Uhuuuuuuun…. Uhuuuuuuuun… uhuuuuuuuuuuun … uhuuuuu aaaaaaaaahaaaaaaa
uhuuuuu aaaaaaaaahaaaaaaa… (3 times)

Ser Poeta (To be a poet)

P - Possibilidade (de)
O - Omissão (da)
E - Existência
T - Transcendental (do)
A - Amor

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Who's to blame

Who’s to blame when no one feels the shame?
What’s the game when no one feels the pain?
Where does everybody go when no one knows?
Where to hide the face when you fall in disgrace?

Matrices rough and hard
Lie on the floor
As you soar at contact
By the open door
Pushed forward by the hand
Of the undecided.

Who’s to blame when no one feels the shame?
What’s the game when no one feels the pain?
Where does everybody go when no one knows?
Where to hide the face when you fall in disgrace?

Clouds makes you fly soft
Winding your hair to the stars
A sudden turn in the sun
And you burn your eyes
And loose sight of it all
Wondering about all lies.

Who’s to blame when no one feels the shame?
What’s the game when no one feels the pain?
Where does everybody go when no one knows?
Where to hide the face when you fall in disgrace?

Your landing is hard
You still not in yourself
All your feathers ripped apart
Rotten clothes for warmth
Of body and soul.

Who’s to blame when no one feels the shame?
What’s the game when no one feels the pain?
Where does everybody go when no one knows?
Where to hide the face when you fall in disgrace?

As the dream come to an end
And the nightmare begins
You awake in a sudden move
And realise you were never alive!...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Inner fight

Gipsy nights
Wet dreams
Liquor fight
Brawl in the sand
Yes, I’d like to fight!

“This piece of land is mine”
The man says
“Mine, just mine!” he shouts
And the crowd waits in expectation
For the developments.

Everything is quit now
The thin breeze whispers slowly
As the night becomes day
Engulfing the dark
As it cleans the sky.

Awareness

The ocean
Green blue water
Cradle of life
And all that is!

We awake one morning
You in there
Me in here
Both scared
For what is near

Truth?... Lies?...


What do they mean?!

In the womb we meet

Soft… tender… cosy

Why are we lazy?

Awake! The time as come

Whisper! The time is done

Oh my! We’re gone!

Hopes and dreams II act

Hope is the last resort
Of a desperate man
As he desperately fight
To get out of the hole
He created for himself

Lost opportunities
Lost caves of solitude
Where he was happy all alone
The shadows of the fire
Crypts through the air
That sound, that light
That kind of night
Awakes him to life
And he finds that

Hope is the last resort
Of a desperate man
As he desperately fight
To get out of the hole
He created for himself

He crawls out into the moon
Trees embrace him gently
The thin breeze cuddles his face
He is alive he realize
Now he cries out
Open his mouth but no sound is made
As he realizes that
There’s no time to go back
And he hopes, and

Hope is the last resort
Of a desperate man
As he desperately fight
To get out of the hole
He created for himself

Hopes and dreams I act

A moment in time
Hopes and dreams come
For you and me
In the pleasured numb

Standing on my own
Thinking of all surrounding systems
Moments stand still
As I count the numbers
Of those who succeed
Mumbling whispered words
For the lost thoughts I had

A moment in time
Hopes and dreams come
For you and me
In the pleasured numb

I open my eyes
I’m still here with you
Nothing has changed
We still do the same screams
The same desperate times
Heading me to the end in

A moment in time
Hopes and dreams come
For you and me
In the pleasured numb

terça-feira, 19 de agosto de 2008

As mulheres

Mulheres
Martinho da Vila


"Já tive mulheres
De todas as cores
De várias idades
De muitos amores
Com umas até
Certo tempo fiquei
Prá outras apenas
Um pouco me dei...
Já tive mulheres
Do tipo atrevida
Do tipo acanhada
Do tipo vivida
Casada carente
Solteira feliz
Já tive donzela
E até meretriz...
Mulheres cabeça
E desequilibradas
Mulheres confusas
De guerra e de paz
Mas nenhuma delas
Me fez tão feliz
Como você me faz...
Procurei
Em todas as mulheres
A felicidade
Mas eu não encontrei
E fiquei na saudade
Foi começando bem
Mas tudo teve um fim...
Você é
O sol da minha vida
A minha vontade
Você não é mentira
Você é verdade
É tudo o que um dia
Eu sonhei prá mim...
Já tive mulheres
De todas as cores
De várias idades
De muitos amores
Com umas até
Certo tempo fiquei
Prá outras apenas
Um pouco me dei...
Já tive mulheres
Do tipo atrevida
Do tipo acanhada
Do tipo vivida
Casada carente
Solteira feliz
Já tive donzela
E até meretriz...
Mulheres cabeça
E desequilibradas
Mulheres confusas
De guerra e de paz
Mas nenhuma delas
Me fez tão feliz
Como você me faz...
Procurei
Em todas as mulheres
A felicidade
Mas eu não encontrei
E fiquei na saudade
Foi começando bem
Mas tudo teve um fim...
Você é
O sol da minha vida
A minha vontade
Você não é mentira
Você é verdade
É tudo o que um dia
Eu sonhei prá mim...
Procurei
Em todas as mulheres
A felicidade
Mas eu não encontrei
E fiquei na saudade
Foi começando bem
Mas tudo teve um fim...
Você é
O sol da minha vida
A minha vontade
Você não é mentira
Você é verdade
É tudo o que um dia
Eu sonhei prá mim..."

domingo, 17 de agosto de 2008

The rowing man

Misty skies
Lives that are lies
Smiles that disguise
The pain we all fell inside.

The boat is coming
The rowing man sings
Words of encouragement
As he approaches
The terminal point.

Time stand still
Slow motion frames
Passes by like a bad picture
And the rowing man sings
Lives are not lies
Smiles don’t disguise
The pain we all feel inside
Through this misty skies.

Time is not yet ours
Another tour is being made
The rowing man don’t get tired
Eternity is his measurement
And he’ll return
But not now

Truth is life
Pain is no longer inside
Life is to be lived without lies
There’s no longer misty skies!

sábado, 16 de agosto de 2008

Está escura a noite

Está escura a noite
Que me rodeia a alma
Não vejo o caminho
Onde trilha a calma

Eu…
Eu já não sei
De onde tu és…
Quem és…
Porque és…
Mulher! Mulher! Mulheeeeer!

Desiludo-me
A ti e a mim
Porque sou jovem
Como o jasmim

Não tenho o viço
Dos anos pequenos
Não sou noviço
Mas sinto o apego

Eu…
Eu já não sei
De onde tu és…
Quem és…
Porque és…
Mulher! Mulher! Mulheeeeer!

O nó que me amarra
Já faz tempo não tinha
Amarrei-o eu
Esperando seres minha

Mas onde navegas
Meu barco encalha
As areias são rasas
A quilha atrapalha

Eu…
Eu já não sei
De onde tu és…
Quem és…
Porque és…
Mulher! Mulher! Mulheeeeer!

O meu capitão
Ouvido à sineta
Empurra na escuridão
Olha’mpulheta


Cego na noite
No dealbar da vida
Perdido no dia
Do qu'olvida

Eu…
Eu já não sei
De onde tu és…
Quem és…
Porque és…
Mulher! Mulher! Mulheeeeer!

Agora encalhado
Por voluntário sido
Tem de navegar
Neste barco rompido

A água entra
O mar invade
O último sopro
Daquela saudade

Eu…
Eu já não sei
De onde tu és…
Quem és…
Porque és…
Mulher! Mulher! Mulheeeeer!

A falta de ar
O murro no estômago
O salgado do mar
Alivia o lodo

Preso ele olha
Para cima o céu
A lua a seu lado
Acolhe o chapéu

Eu…
Eu já não sei
De onde tu és…
Quem és…
Porque és…
Mulher! Mulher! Mulheeeeer!

É o seu legado
Aquilo que fez
Aos outros amado
Sobrou-lhe a vez
No início era mel
No meio paixão
A sua sorte é nula
É igual ao salmão

Eu…
Eu já sei
De onde tu és…
Quem és…
Porque és…
Mulher! Mulher! Mulheeeeer!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Diferentes

Um dia numa vida
Um rapaz conheceu uma menina
Acendeu-se um desejo, um sentimento
Fixou o olhar para não mais parar.
Via-a de tempos a tempos
A indiferença no olhar
Nem notava naquela criatura
Que por ali andava a pairar.

Ele é diferente
Tanto no ser como no falar
Afasta pela frente
Para depois cativar!

Quis ficar com ela até ao fim dos dias
Desde esse momento inicial
Naquela montra silenciosa
Referida na mente como “a tal”
A que mudaria o sentido de ser
E o elevaria à condição imortal.
Os momentos foram-se revelando
Os espaços sendo preenchidos
Os sinais foram aparecendo
E os pensamentos sendo lidos.

Ela é diferente
Tanto no ser como no falar
Afasta pela frente
Para depois cativar!

Chegaram os dias do fim
Momentos únicos partilhados
Os sabores ficaram no ar
Os saltos no escuro foram dados.
Astral aparte mas unidos
Caminharam lado a lado
Sorriam sem observar
O amor pedido era não dado.

Ela e ele são diferentes
Tanto no ser como no falar
Afastam pela frente
Para depois cativar porque…

Um é Anjo e Outro Arcanjo!

O arado

Há tantas almas
Desencontradas no seu encontro
Perdidas no espaço
Prenchido pelo outro.

Andamos todos à deriva
Até os que têm capitão
Precisamos de quem nos siga
E nos arranque o coração.

Damo-lo de bom grado
Pois rico e fértil é este terreno
Para um digno e bom arado
Que o preencha e torne pleno.

Onde andam as mãos que agarram o arado?

Dúvidas e Certezas

Tão depressa o sonho canta
Tão depressa desmorona
Tão depressa se encanta
Como se esvai e sente que morra!

Mal de escárnio
Mal dizer e malassorte
De tão longe apartes
Haja esperança na consorte!

Noites que são dias
Dias que se escondem na noite
Por vezes a alma esfria
A mesma que merece o açoite!

Açoite pelo sentir
Adolescente noutra fase
Nunca mais se deve ousar despir
Nem sucumbir ao êxtase!

Sente que o outro sentir
É a porta para o seu almejar
Vence aquilo que te não faz dormir
Não mostres o teu lacrimejar!

Quem não sabe o que quer
Depois quer e é tarde
Perder aquilo que depois fere
Aquilo que no fundo depois arde!

Está atenta
Não percas a oportunidade
Única e sublime
Um amor na cidade!