sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O vôo da Fénix

Era uma vez um homem que queria ser super-homem

Mas de cada vez que voava caia

E nunca aprendia que quem voa tem de aterrar

No chão duro da vida.

A cada aterragem uma nova viagem

A cada ressalto um grito de revolta

A cada nuvem que passa uma estalada

De água gelada que dilacera e corta.

Hoje aterrou depois de ser cortado na face

Pela nuvem de fiapos que observara

Ao longe parecia inócua mas ao perto selvagem

Demasiado espessa para ser perpassada a voar

E momentaneamente cegou.

Após esse momento de dor olhou para cima

Tantas nuvens passam calmamente e reconheceu-as

Dos seus voos intermináveis que efectua

E sentiu vontade de voar, voar e sentir outra vez

A brisa na face, o vento nas penas, o fulgor no peito e foi.

Foi e viu, viu e tocou, tocou e sentiu

Está vivo afinal de contas, existe e sente-se existir

Voar custa mas nada se obtém sem custo

E decidiu que tinha que continuar a voar

Mesmo se isso signifique voar em solitário.

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