sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O vôo da Fénix

Era uma vez um homem que queria ser super-homem

Mas de cada vez que voava caia

E nunca aprendia que quem voa tem de aterrar

No chão duro da vida.

A cada aterragem uma nova viagem

A cada ressalto um grito de revolta

A cada nuvem que passa uma estalada

De água gelada que dilacera e corta.

Hoje aterrou depois de ser cortado na face

Pela nuvem de fiapos que observara

Ao longe parecia inócua mas ao perto selvagem

Demasiado espessa para ser perpassada a voar

E momentaneamente cegou.

Após esse momento de dor olhou para cima

Tantas nuvens passam calmamente e reconheceu-as

Dos seus voos intermináveis que efectua

E sentiu vontade de voar, voar e sentir outra vez

A brisa na face, o vento nas penas, o fulgor no peito e foi.

Foi e viu, viu e tocou, tocou e sentiu

Está vivo afinal de contas, existe e sente-se existir

Voar custa mas nada se obtém sem custo

E decidiu que tinha que continuar a voar

Mesmo se isso signifique voar em solitário.

sábado, 13 de agosto de 2011

Sombra

Era uma vez quem quiserdes que seja

Dois e ambos corriam isolados

Cada um nos seus percursos pessoais e imaculados.

Um dia, quis a nuvem descer do céu

E parar as estradas no nevoeiro.

Na espera que se seguiu

Seguiram a mesma estrada

No entanto continuada e isolada.

Um sonhava e outro vivia

Um aspirava e outro sorria

Um suspirava e o outro aproveitava

Um esmorecia e o outro arrebitava.

Por quem sois

Alma que viajas

Por quem sois e deixas na saudade

Senhora de águas agitadas?...

Espaços

Durmo o pensamento
Mas mesmo assim ele está acordado
Acordo lá dentro e digo-lhe
"Acalma-te ou cais para o lado!"

Olha-me de lado
Senta-se e continua mudo
Afasto-me e sinto
Está a bater lá no fundo.

Saí de lá
Das impressões dele vejo que está dorido
Encobre as emoções de modo a passar despercebido

Abre a luz nos olhos
Para que não se veja a escuridão
E não saibam o quanto sofre

Rebate a tudo
Na esperança que lhe digam
As palavras que repetidamente diz a si próprio

Fecho os olhos de novo
Entro em mim e dou-lhe a mão
É meu irmão gémeo e devo-lhe
A lealdade na sua confusão.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Porquê amar?

Porquê amar se depois se sofre?
Porquê amar se depois se perde esse amor?
Porquê amar se depois temos de nos afastar?
Porquê amar se depois temos de nos habituar?
Porquê amar de facto!