terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A barca no espelho do lago

Há momentos inesquecíveis
Momentos de ternura inolvidáveis
Crescidos do nada envolvidos
Esperando que nos amparem.
Andamos em círculos
Nas ondas do lago provocadas
Pelos que nos acordam para a vida
Sentimos que não chegamos à margem.
O nevoeiro encobre a terra
Vemos os braços que esbracejam
Não vislumbramos a figura
Enganosamente dissimulada.
Esperamos que seja
Sonhamos alto essa verdade
Escamuteamos quem nos deseja
Porque desejamos e somos desejados.
Sê-lo-emos de facto
Ou a margem é uma miragem
Um truque da mente
Na esperança da viagem?
Olhamos mais uma vez
Vemos quem cuida do cais
Um porto seguro de facto
Mas ainda não que tais.
Lança-se a corda ao barqueiro
Amarra-se ao ancoradouro
O barco balouça inseguro
Mas o passadiço é duro.
Um passo a seguir ao outro
Um momento que é ainda louco
No equilíbrio do porto a aventura começa...
Começa a pouco e pouco.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O que é a Esperança?

O que é a esperança?
Porque existe sequer?
Porque nos faz sonhar, sofrer e cirandar perdidos?
Porque não somos simples e amamos
E quando já não somos amados... esquecemos?
Porque é que reflectimos sobre isto?
Porque temos esperança?
O que é a Esperança?...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

As flores da esperança

Do que sinto falta? As horas!
O que anseio? Os minutos!
O que desejo? Tu!
O que não tenho? Nós!

Fomos tão belos
No escuro do segredo embalados
Fugimos a galope
Parados pelos sinos.

Subimos montanhas
Encontrámos as estrelas
Nos toques divinos
Dos olhos tão belos.

Sentimos o amor
A arte e a devoção
No acre doce sabor do proibido
Negaste a consumição.

Hoje é igual a ontem
Sê-lo-á outra vez amanhã
Perdidas para sempre no monte
As flores daquele jardim…

O Jardim da Esperança encontrada e perdida!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Saudade e Dor

Espírito
Solitário
Temeroso
Esperançado
Luzídio e
Amado.

Perdida a
Ocasião
Real da

Querida
União
Empática
Mistificada

Aliada
Mortificada e
Onírica!

domingo, 14 de junho de 2009

O diabo mulher

Seres incompreendidos pelas mulheres
Esses perfeitos seres de contradição
Que mais não são que rodas quadradas
Que não sentem a trepidação
E dizem que vão suavemente rolando.

Tudo se lhes é perdoado
Sentido e explicado
Pelos descontrolos hormonais e emocionais
Pela condição de mãe
E de pura donzela aos olhos de quem
Não consegue ver mais além.

A mulher é capaz dos mesmos desígnios masculinos
Desejos e sentidos
Mas esconde-os mais facilmente na sua candura
Inexplicável da fraqueza física
Gritando no silêncio de palavras e gestos mudos
Por oposição aos gritos mais silenciosos
Da palavra proferida.

“Eu sou incapaz”
Vocifera
“Não sou como tu”
Gesticula
“Vais pagar caro”
Ameaça
Olhos húmidos dilacera.

A mulher é o pior dos bichos
E quando se unem em pares
Mesmo se inimigas de perto
Amigas se tornam pela batalha
Porque o homem para elas é esperto
Enquanto que elas são
Inteligentes e de espírito aberto.

A sociedade ainda não se apercebeu
E eu também não
Que as mulheres são sub - descendentes
Que só estão bem se tudo for como aspiram
Se tudo estiver onde desejam
Se se fizer o que desejam.

Um filme é mau porque não gostam
Partilhar imagens então é tolice
Assistir a espectáculos degradantes
Na visão de quem não gosta
Já é ser mau e vil porco insensível.

A melhor coisa que se deve fazer
É partilhar os espaços consigo mesmo
Não permitir que nos condicionem
E apertem a existência.

Não vos quero mais
Não desejo mais
A vós hei-de prover
Do sofrimento total.

Esse é o meu alcance hoje…
Amanhã logo se verá!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

À minha mãe

À minha Mãe
Aquela que me dá tudo
Que vai à montanha mais alta
E ao mais fundo dos Oceanos…

À minha Mãe
Que luta contra o frio do Inverno
Que enfrenta o calor do Verão
E não permite que nada me falte…

À minha Mãe
Por perto sempre que preciso
Que chora quando sorrio
E que sorri quando choro…

À minha Mãe
A mais forte do mundo
Que me levanta sempre e dá carinho
Depois de cair…

À minha Mãe
Cozinheira fantástica
De sopas, carnes e peixes
Que me tiram a fome…

À minha Mãe
De voz calma e serena
Que me adormece
Quando não tenho sono…

À minha Mãe
Que está sempre ao meu lado
Quando pode
E quando não pode…

Quero só dizer…

Adoro-te Mãe!
Amo-te Mãe!
Nunca deixes de estar aí
Porque sem ti não sou ninguém!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Seagulls hover over me!

I stare at the sky as it clears
Moments of an extraordinary calm invades
As I become unaware of myself

I distant from me and from here to nowhere
That cold sweet warm breeze just eases me
And my inner terror dreams
Of being together alone with me

I sat down in a cloud
Taste it’s softness like baby skin
That cozy tenderness of touching…
But where to touch but in a dream?

No matter now
The dices are rolling
As I stand here comfortably nesting and lightly asleep
Hair over wind and face

Linger and links all over
Images and pictures everywhere
Every face every smile a window
Every whistle a call of duty

Where’s my duty?
Where’s my beauty?
Why it became so naughty?
Now I’m nothing but broken pottery!

The gathering
That missing piece in the chain of Universe
Lost in a turn of time…
My mistake your loss

Why did You allow it be?
Am I not your warrior?
Or is it just because of it?
No love, full commitment…

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Uvas do Norte

Sinto o calor de uma estrela que brilha
Vejo a névoa que perspassa meus olhos
Encontro a luz daquele negro semblante
Que um dia soube abraçar a sorte.

Momento de transcendente existência
Cumplicidade nunca efémera entre iguais
Sensações que se desejam partilhar
Com amiúde emoção alheia vividas e alcançadas.

Alguém habita os sonhos
É o telhado e os alicerces sem saber sabendo
Numa verdade sempre repetida sonoramente
Criada está a ponte entre o etéreo eterno cosmos dialéctico.

Sabe-se sabendo
Sente-se sentindo
Diz-se calando mudo
Silencia-se nos silêncios não ditos entre sons.

A parra dá uva de novo
Vinhateiro de poda corta o cacho
Noutro lugar noutra direcção
No mesmo sentido somos...

Quem é a videira?
Será certo ou será míldio que aflora?
Virá o sulfato a tempo
Da poda do vinhateiro?

Terras ricas do Norte
De escarpas trabalhadas na dura corrida
A difícil subida à plataforma rural
Será impossível arear terreno este fértil?

Da simbiose dos organismos
Das tormentas que se sofrem pelo temporal
Da bonança que a solarenga trará
Nascerá uma nova semente?

O agricultor semeia devagar
Espera o tempo a paciência
Quando a flor brotar
Dará fruto e fragância?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

JO

Num momento de díspar encontro
Numa furtuita mansão do tempo
Energias fluem e sobem
Ao eterno espaço da ilusão.
Come-se as estrelas
Aconchegamo-nos nos braços das galáxias
Bebemos dos cometas que passam
Sentimos que somos errantes
Na fuga da felicidade que escapa
Por cada um que se cruza no espaço.
Ambos os sóis que nos iluminam
Um em crecendo outro extinto
Um que já não brilha
outro que por vezes perde fulgor
Mais não são que prendas
que os cometas condenados estão
Ao vaguear sós a cada volta do tempo
A cada volta da volta da nossa cabeça.
Merece o Universo que assomemos vida
Que nos permitamos viver
Que nos desviemos dos caminhos dos outros
Já que de cada vez que esgueiramos
Morremos mais um pouco?
Sim, devemos!
Devemos porque mesmo frios vivemos
Devemos porque mesmo presos merecemos
Devemos porque são os outros que nos merecem
E não nós os merecedores!
No altruísmo do cometa jaz a mão de luz
Aquela luz que se a não dermos ninguém tem
E que é o nosso fado
Iluminar os outros.
Continua a distribuir luz
Não te apagues nem deixes apagar
Mesmo que te soprem ventanias e temporais
Abre o peito ao vento, protege a flama nos olhos
E sê tu, livre, bela, selvagem
Aquele selvagem puro escondido na candura da indiferença
Aos olhares do mundo.
Vive cada momento como se fosse o último
Expira os "ais" da vida a cada recontro
Perde o fôlego a cada preenchimento
Penetra a força com renovada energia
Quando parece que se esvai após atingir o ponto.
Para um JO de um AN
O dois vindo do um
O ímpar que torna par
Eu e tu, dois que não é nenhum
E todos para mais algum!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Passadas cavalgadas

Cavaleiro das doces cavalgadas
Em leitos suaves de curvas uniformes talhados
Percorres de encontro ao sol poente
As areias finas dos seus cabelos raiados
Em luzes claras reflectidas de saudade que aperta
O coração do destemido que um dia ousou…

Ousadia pagada caro
Pelo destino coração cravado de espinhos
Daquela rosa cheirosa de caule traiçoeiro
Que um dia nasceu selvagem de um nascimento prematuro
Onde a terra impura se tornou pura à sua visão
Ao orvalho da manhã resplandecente
Que arrepiava os grilos e as cigarras
A cada toque de sua fria e gélida geada derretida.

O gafanhoto saltava despreocupado
Searas para colheita em todo o lado
Tanta escolha, tanto sal
Tanto mel, tanto mal
Mas mesmo assim saltava de olhos fechados
Porque o mundo era seu para a tomada
Para a conquista do conquistador improvável.

O rei na torre do seu castelo observava
Das ameias envelhecidas e enegrecidas
Aquela paisagem outrora bela
Agora desfeita pela idade e pela solidão
Dos montes que choram o sol que se põe
Nesta tarde de Verão que embora Inverno
Jamais passará do calor estival
Porque o sentido do sentido
Daquele alvo e cando momento
Perene na imaginação do tido
Será para sempre a porta da sua prisão.

O rei está fechado no seu castelo
Jamais de lá sairá
Porque a Natureza já não é sua…