Um mar de gente revolta
Encima um alazão parado
Cóleras expiram de suas narinas
Relinchos pelo bem amado
De entre aqueles que sofrem
As atrozes tiranias do Estado.
Marcham silenciando a dor
Por colinas que de tão largas
Estreitam ante a torrente
De lava humana que sobe
Pela chaminé do vulcão que lavra
As encostas de uma nação.
Reescrevem a história
Cunhando-a de pessoal
Fazem parte dum ponto final
Numa frase reticenciada
De ideias por acabar
Numa vida sentenciada.
Final amargo
Vitória almejada
Certeza encontrada e reiterada
Perdida na falsa palavra
Um breve relance de optimismo
Uma alegria momentânea
Uma adaga que crava
O coração de um sonhador.
Até onde perenerão os infiéis
Que afundam a nau Lusitana?
Até quando mantê-los cruéis
Que assassinam a puritana
Educação Flausiana?
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
sábado, 1 de novembro de 2008
Crónica de um último suspiro
Tenho de acordar
A burocracia clama
O soldado de papel
Perdeu a sua alma
Nas chamas da tinta
Acabou-se a sua chama.
Olhos cavados
Ausentes de vida
Passos que foram sagrados
Agora comem-no vivo
Pelos trilhos andados
Sombras a pedido.
"Sim Senhor"
Grita a voz mortiça
"É para já"
Diz em surdina
"Porque não?..."
Silencia a sina.
"Aqui estão"
Anuncia a solidão
"O que não consigo fazer"
Assume com resignação
"Mas tem de ser"
Confirma a direcção.
Abandona(-se) e cai
Ombros ao lado
Afunda-se na cadeira
Está desolado
Não consegue
Está isolado.
A esperança é a última fronteira
Onde todos pretendem ir
Mas todos esperam a intrepidez
De quem ousa fugir
Da marasma estupidez
Para colher os ventos do devir.
"Faz assim"
Anunciação divina
"Não te preocupes"
Mantém a sua sisma
"Alinha que é tudo manso"
Eleva a submissão
"Mantém-te tanso"
Aconselha a vizinha.
E os cães vão ladrando
Enquanto a caravana passa
É o cheiro putrefacto
De quem já morreu
Mas pensa que está vivo de facto.
A burocracia clama
O soldado de papel
Perdeu a sua alma
Nas chamas da tinta
Acabou-se a sua chama.
Olhos cavados
Ausentes de vida
Passos que foram sagrados
Agora comem-no vivo
Pelos trilhos andados
Sombras a pedido.
"Sim Senhor"
Grita a voz mortiça
"É para já"
Diz em surdina
"Porque não?..."
Silencia a sina.
"Aqui estão"
Anuncia a solidão
"O que não consigo fazer"
Assume com resignação
"Mas tem de ser"
Confirma a direcção.
Abandona(-se) e cai
Ombros ao lado
Afunda-se na cadeira
Está desolado
Não consegue
Está isolado.
A esperança é a última fronteira
Onde todos pretendem ir
Mas todos esperam a intrepidez
De quem ousa fugir
Da marasma estupidez
Para colher os ventos do devir.
"Faz assim"
Anunciação divina
"Não te preocupes"
Mantém a sua sisma
"Alinha que é tudo manso"
Eleva a submissão
"Mantém-te tanso"
Aconselha a vizinha.
E os cães vão ladrando
Enquanto a caravana passa
É o cheiro putrefacto
De quem já morreu
Mas pensa que está vivo de facto.
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