segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sofro em recuo

Esmoreces em mim...
Matas um sentimento belo...
Saudade das horas negras da noite que aconchegavas...
Emudeço ante mim a noite da indiferença...
Foge-me o sorriso na substituição de um resignar dos lábios...
Já não corro, ando...
Já não ando, arrasto...
Já não arrasto, cambaleio...
Já não cambaleio, paro...
Estou parado, recuo...
Enquanto recuo, esqueço...
Esqueço o que já não é...
O que já não é já o foi enquanto passo por ele...
Aceno-lhe enquanto sorri...
Sorri porque não sabe que vai recuar...
Estendo a mão para que me sinta...
Não me sente nesta curta distância...
Sou fantasma de mim próprio...
Vejo-me etéreo enquanto o sol do verão dá lugar à sombra do inverno
Neste recuo temporal...
Até ao dia em que fui desconhecido...
A saliva esgota-se-me na garganta...
É tempo de dizer ao tempo que está no tempo de dizer adeus ao tempo...

2 comentários:

Anónimo disse...

"Nunca digas nunca, porque nunca é tempo demais"
O resignar de emoções fortes e marcantes, deixam uma fenda enorme na alma que custa a cicatrizar.

I am a Poet... disse...

Muito mesmo, Amiga!
Especialmente quando se olha e se vê através do espaço tempo invisivel ao olho mas sentido na alma... como que um gozo que mói, dilacera, despedaça, numa certeza de se estar sendo manipulado.